segunda-feira, 12 de dezembro de 2011

A Grande Semana

Toda semana tem sete dias. Fato. Mas há aquelas que, mesmo durando dez vezes mais que o tradicional, ainda parecem pequenas e estreitas, como um gargalo de garrafa. Assim, foi a nossa última semana, de 17 a 22 de outubro. Uma semana de grande agitação cultural no estado, por conta de dois festivais que aconteceram simultaneamente – provocando uma verdadeira colisão de datas e desfile artístico, de Aracaju a Tobias Barreto. Falo da Mostra SESC de Artes Cênicas e da II Edição do TobiArte, nas respectivas cidades.

Vamos por partes – ou dias.

Dia 17 (segunda – feira): Nosso dia no TobiArte, com a peça “Um Anjo Decaído” (de 2004). E, apesar de caminharmos cerca de 15 minutos até o local da apresentação (???), conseguimos realizar uma animada apresentação, repetindo os calorosos aplausos do último ano, quando encenamos “A peleja de Valentin...” no mesmo festival. O público riu muito com as peripécias do Diabo no Brasil.

Dia 18 (terça-feira): Voltamos a Faculdade AGES, em Paripiranga – BA, para apresentarmos “A Tragédia da Rosa” (de 2005). Desde a formação do grupo, em 2003, que essa unidade de ensino superior nos convida para participarmos de seus eventos. Missão cumprida com louvor. Mudamos um pouco a estrutura da peça, como músicas e elenco – foi à estréia de Adriano Souza no papel de “Pedro” (antes interpretado por Luiz Marcel). Mas o resultado saiu a contento, salvo por pequenas gafes em cena; como diria Garcia: “Nada grave, que desse muita prosa...” De volta a Lagarto, ainda tivemos noite ensaio de “Condomínios”.

Dia 19 (quarta-feira): O grupo de reuniu na Casa Rua da Cultura, em Aracaju, para realizar um grande ensaio geral de “Condomínios”, com estréia prevista para o dia posterior, dentro da Mostra SESC de Artes Cênicas. Bem que tentamos, mas a estrutura compartimentada do espetáculo e a indecisão no texto provocaram intervalos discursivos entre as cenas, obrigando-nos a um ensaio fragmentado. A cada repetição as idéias vão tomando forma e os acentos dramáticos começam a aparecer. Já temos um desenho do espetáculo, resta agora o crivo do público.

Dia 20 (quinta-feira): O relógio acusa 21:20h. Estamos atrasados. Um pacote de bexigas some, um ator grava suas falas em outra sala, o cenário está sendo suspenso, a eterna indefinição do texto... Muita agitação! Hora de entrar em cena: “A Cia de Teatro Cobras e Lagartos apresenta o espetáculo ‘Condomínios’, processo de estréia, apresentação nº 00”... Aconteceu. Os aplausos ainda estão quentes em nossos ouvidos. “Condomínios”, finalmente veio a tona, a frente do público, e podemos dizer que a idéia geral funcionou. Tivemos risadas em todos os parênteses cômicos, silêncios nas deixas dramáticas, inquietude, desconforto... O público sentiu o espetáculo! Os erros ocorreram, claro, mas até eles ficaram minúsculos diante da excitação em levantar de cabo a rabo, pela primeira vez, nossa mais recente criação. “Condomínios” teve uma estréia a altura – surpreendendo público e elenco... Agora poderemos finalizá-lo em paz.

Dia 21 (sexta-feira): Estamos na estrada novamente, com destino a Tobias Barreto. Será nossa 2º participação no TobiArte, em menos de uma semana. Mas dessa vez, nossa função é acompanhar os conterrâneos do “7 Panos”, grupo formado a partir de uma oficina realizada em Lagarto, pelo Ponto de Cultura Descortinando Sergipe – de nossa responsabilidade. O grupo traz para o festival dois esquetes cômicos: “No leito de Morte” e “Um casamento cheio de surpresas”, montadas também durante o período das oficinas. Vê-los em cena é revigorante ao tempo que nos preenche de orgulho. Esses meninos vão longe! Aproveitamos para esquecer toda agitação da semana para comemorar nossa sobrevivência e produção artística.

Dia 22 (sábado): Para o sábado, sobrou-nos a participação no Fórum de Artes Cênicas, com destaque para a formatação do II Festival Sergipano de Teatro, que acontecerá em 2012. As questões foram propostas e discutidas pela SECULT e artistas presentes, não dispensando a tradicional polêmica, ora construtiva, ora desnecessária. Gritar todo o tempo não é a melhor maneira de se fazer ouvir. Pontos de vista a parte, a discussão invadiu a boca da noite, obrigando a maioria dos participantes a abandonar o navio – que já estava em vias de afundar. Saí com a sensação de ter caminhado muito, embora tenha avançado 2 ou 3 passos apenas.

Ufa! Fomos testados em seis dias de bastante agitação e berros, suor e aplausos. Precisamos de mais semanas como esta para saber do que realmente somos feitos...